A corrida ao Eliseu
- Maria Paula Carvalho
- 7 de mar. de 2017
- 2 min de leitura

Em PARIS, acompanhando a incendiária disputa presidencial, arrisco alguns comentários. Parece que os franceses descobriram agora que existe um envelope de dinheiro que cada parlamentar recebe para fazer o “que quiser”. Isso mesmo, tipo caixa-preta. Daí o candidato republicano François Fillon achou por bem pagar esposa e estágio dos filhos, com desconto dos devidos impostos, diga-se de passagem. Pegou mal para quem fez campanha pregando a lisura! Mas isso é diferente de roubar/desviar dinheiro público, como fazem parecer os socialistas. No Brasil é diferente: empregar parentes é nepotismo e ponto final. Aqui, como vemos, não é bem assim. Haja visto que Napoleão Bonaparte, uma vez imperador, nomeou três irmãos como reis em países conquistados. A palavra nepotismo, relembrando, surgiu para expressar a concessão de privilégios entre o Papa e seus familiares. No Renascimento, autoridades da Igreja, por não terem filhos, protegiam seus sobrinhos, nomeando-os a cargos importantes. Uma prática hoje condenável, mesmo para nós brasileiros, acostumados aos sumiço de bilhões de reais dos cofres do governo, mas ainda capazes de gritar contra os que afrontam princípios como o da impessoalidade e moralidade no serviço público. Então, que tal passar um pente fino em outros gabinetes do parlamento francês? Por mais questionável que a manobra seja do ponto de vista moral ou ético, (e surpreendente para nós) não é contra a lei. Por isso a indignação de tantos conservadores que lotaram o Trocadéro, domingo passado, contra o que definem como um ataque à candidatura Fillon. Os burgueses do centro/direita se dizem cansados da manipulação de notícias e da própria justiça, que aceitou a denúncia imediatamente, numa agenda de audiências capaz de prejudicar o candidato conservador que, por sua vez, não parece disposto a largar o osso. Enquanto isso, o jovem Emmanuel Macron, ex-participante de um governo que pouco fez pela França, quando ministro de Hollande, cresce nas pesquisas. Assim como o discurso sem base na verdade da populista Marine Le Pen, da Frente Nacional, que já chega a incríveis 26% das intenções de voto!! Assim, o povo bate panelas na République e grita contra a corrupção, mas deixa de lado assuntos importantes como a discussão dos programas políticos. Afinal, quem terá condições de diminuir o desemprego (em torno de 10%) e garantir o papel da França dentro da Europa? Aqui, o que vejo é muita gente se aproveitar do sistema, botar a boca no trombone e não fazer nada para mudar. Exemplo, o presidente Hollande, que quando candidato falou em acabar com remunerações cumulativas mas, ao fim do próprio mandato, deve continuar felizinho com suas múltiplas fontes de renda. Faltam ainda 50 dias e isso é só o começo! ALLEZ!
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