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A Holanda diz não ao populismo

  • Foto do escritor: mariapaulascarvalho
    mariapaulascarvalho
  • 17 de mar. de 2017
  • 2 min de leitura

HAIA - Nos supermercados da Holanda, chama atenção não só a quantidade de produtos biológicos a venda, mas também a imensa eficácia na política de preços desses produtos, que conseguem concorrer com as marcas tradicionais. Aqui, o verbete BIO virou quase uma brand e está presente numa gama enorme de mercadorias: da manteiga ao leite, dos legumes ao pão. Assim, o consumidor realmente tem a liberdade de escolha, afinal, pagar apenas alguns centavos a mais pelo produto limpo depesticidas não parece um obstáculo ao consumo saudável. Ou seja, o caso holandês mostra como a saúde pode entrar nas planilhas de custos das empresas, de forma a oferecer uma comida boa aos habitantes do país, a preços razoáveis. Tudo muito racional e inteligente, numa atitude que abre caminho para o fim dos malévolos inseticidas, herbicidas e fungicidas (do latim cida= matar). Aliás, também é impressionante como a população daqui consome uma vida zen, que inclui de chás à salas de massagem, yôga, spa e até canal de TV; tudo com muitas velas, futons e bom gosto, é claro. A economia verde e do bem estar é pujante nos países Baixos. Mas do que os holandeses se orgulham mesmo é do consenso político. E demonstraram isso, mais uma vez, na última quarta-feira (15). O país renovou seu Parlamento em eleições que mediram o grau de ascensão da extrema-direita na Europa. O que resultou das urnas foi a capacidade de união em torno de um projeto de país. Pulverizados entre dezenas de partidos, os 81% dos eleitores que votaram disseram um uníssono não ao populismo. O fim da campanha foi

violento no país, com protestos reprimidos em várias cidades. A crise diplomática com a Turquia provocou quebra-quebra nas ruas de Roterdã e Haia. Diante das ameaças do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, a Holanda se manteve firme. Proibiu dois ministros da Turquia de fazerem campanha entre a comunidade turca a favor do referendo de abril, reforçando os poderes presidenciais em Ankara. Defender a liberdade é algo de que os holandeses não abrem mão, seja na política ou nos supermercados. O partido da direita VVD, do ex-primeiro ministro Mark Rutte, conquistou uma vitória confortável, ainda que a coalizão governamental esteja em processo de formação. Algumas pesquisas haviam previsto uma batalha acirrada com o candidato da extrema-direta, Geert Wilders, do partido da Liberdade, que tem mais em comum com Donald Trump do que o cabelo louro-platinado-armado. Durante a campanha, foram inúmeros discursos contra a imigração, contra a ameaça muçulmana e pela saída do país da Europa. A conquista de vinte assentos no Parlamento pode ter sido um placar decepcionante para a ultra-direita, mas vale lembrar que, ainda assim, os extremistas ficaram em segundo lugar e com mais representatividade do que antes. Após o Brexit e a eleição republicana nos Estados Unidos, o resultado mostra que uma dos países fundadores da Europa diz não ao populismo. A ver o que se passará na França e na Alemanha, nos próximos meses.

 
 
 

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