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Jornalismo: mais do que uma necessidade, vital

  • Maria Paula Carvalho
  • 8 de abr. de 2017
  • 2 min de leitura

PARIS - Um conceito bem estabelecido internacionalmente é o de que a imprensa tem um papel fundamental em regimes democráticos. Como uma das instituições vivas e independentes do tecido social, a imprensa livre deve estar atenta e vigilante ao que acontece. Além de funcionar como um agenda setter — chamando atenção para crises humanitárias, catástrofes naturais e adversidades provocadas pelo homem — o jornalismo exerce o papel institucional e coletivo de ser um “cão de guarda” dos governantes e poderosos. Essa noção do jornalismo como um watchdog da sociedade tem mais de duzentos anos. A compreensão da imprensa como o “quarto” poder e uma instituição que existe, primordialmente, para checar os ocupantes de posições públicas baseou-se na premissa de que Estados poderosos haviam de ser impedidos de ultrapassar os seus limites, explica Sheila Coronel, da Columbia University. Após um longo período de silêncio devido à ditadura, a imprensa brasileira finalmente recuperou o seu papel de cão de guarda da sociedade. Reportagens publicadas em influentes jornais e revistas atestam que a má gestão de recursos públicos, a falta de supervisão de projetos e deficiências na prestação de contas abrem portas para a corrupção em todos os níveis da administração pública e em diversos ramos do setor privado. Em países democráticos, a mídia tem a atribuição de contribuir para a melhoria da governança, especialmente por sua habilidade de expor a corrupção e de falar a verdade. Em The Media and Political Accountability, Timothy Power (2011, p 107) mostra que, apesar da persistência de interesses políticos e ideológicos nos meios de comunicação, o surgimento de uma imprensa cada vez mais autônoma e voltada para o mercado é um fator importante para explicar o crescimento do jornalismo investigativo no país, a partir da década de 1980. Ao longo dos últimos 30 anos, uma longa lista de escândalos tem ocupado o noticiário brasileiro, incluindo desde as denúncias que levaram ao processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, ao intrincado esquema de corrupção investigado na Petrobras. Jornalistas, por sua vez, nunca estiveram tão ligados à métrica, às estatísticas e às novas formas de diálogo que surgem no universo digital com as redes sociais e a globalização da informação. Porém, a despeito da transformação tecnológica, o papel do jornalista como narrador da verdade, aquele que dá um sentido e explica uma história, é algo que não pode ser abreviado, uma vez que repórteres representam mais do que meros fornecedores de fatos. Em meio à constante evolução no universo das comunicações, algumas premissas são imutáveis. O jornalismo expõe os malfeitos; chama a atenção para injustiças; pressiona políticos e empresas a serem responsáveis por suas promessas e deveres; informa os cidadãos e consumidores; ajuda a organizar a opinião pública; explica e esclarece questões complexas e divergências essenciais. Dessa forma, ele desempenha um papel insubstituível tanto na política democrática quanto na economia de mercado, explica Emily Bell. “Uma vez que contar histórias verdadeiras é vital, o valor do jornalismo não pode ser reduzido à outras necessidades suplementares.” (BELL: 2012). No Brasil, o papel do jornalismo livre tem sido fundamental como indutor ao progresso social e à consolidação da soberania popular. Democracia e liberdade de imprensa, por fim, são estímulos primordiais para o avanço do país.

 
 
 

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