O Brasil tem a chance de mudar sua imagem de um país corrompido
- Maria Paula Carvalho
- 18 de mai. de 2017
- 2 min de leitura
PARIS - Já faz tempo que desonestidade e imoralidade não parecem representar impeditivos sérios para a ascensão pública e para longas carreiras políticas no Brasil, enquanto a sociedade vai se acostumando a ver interesses particulares e de determinados grupos se sobrepondo ao bem comum. A contaminação do ambiente político e empresarial contribui para o país não avançar rumo ao grupo daqueles onde as populações experimentam as melhores condições de vida.
A corrupção mata porque tira dinheiro dos hospitais, a corrupção estimula o analfabetismo porque inviabiliza o funcionamento das escolas, retardando o crescimento social. Mas apesar da configuração de vários mecanismos de ampliação do controle e da transparência, a profusão de escândalos se mantém constante na democracia brasileira.
Reformas estruturais e mudanças de comportamento para agilizar a burocracia e extirpar o clientelismo não aconteceram no ritmo esperado. Pior ainda, é a constatação de que a corrupção se impregnou em partidos políticos e em instituições estatais, transformando-se num método de ação governamental e de conduta administrativa.
Políticos, ao fim e ao cabo, são como todos os demais contribuintes. Deles, contudo, se espera o reconhecimento a um propósito comum que seja maior do que a si mesmos e que seus interesses particulares. Se a corrupção é capaz de lançar uma sombra sobre o progresso econômico e social do Brasil, também é verdade que o país tem agora a chance de mudar sua trajetória e sua imagem.
Para que tragam uma mudança efetiva, transparência e publicidade precisam vir acompanhadas de uma maior atenção aos valores e à ética. O comprometimento em torno dos controles precisa advir tanto do Estado, através dos poderes constituídos, quanto da sociedade civil.
Mas enquanto ainda enfrenta distorções gritantes na esfera política, governo e população precisam estar atentos ao fato de que a corrupção, em última instância, diminui o poder e a eficiência das instituições públicas, ameaçando, por fim, a própria democracia.

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