top of page

Estados Unidos abandonam o barco, esquecem-se que navegamos todos nas mesmas águas

  • Maria Paula Carvalho
  • 2 de jun. de 2017
  • 2 min de leitura

PARIS – A conferência do Clima em Paris, 2015, foi uma das primeiras ocasiões em que tive a chance de fazer uma cobertura independente. Com apoio do WRI (World Resources Institute) e a ONG Uma gota no Oceano, estive presente quando o então presidente dos Estados Unidos afirmou: "Nenhuma nação, pequena ou grande, rica ou pobre, está imune". As palavras de Barack Obama, durante a COP 21, eram carregadas de uma responsabilidade cristalina: "Nós somos a primeira geração a ter detonado o aquecimento climático, mas nós talvez sejamos a última a poder fazer algo para evitá-lo."

De lá para cá, transformar direcionamento em ações tem sido o grande desafio. Para que objetivos de interesse global sejam alcançados, o engajamento local se faz necessário. E cada país voltou para casa com uma lição e tarefas a cumprir. Para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, como o CO2, que aquecem o planeta, os países precisam parar de queimar combustíveis fósseis e dar lugar à fontes de energia renováveis, como solar, eólica, hidráulica e biocombustíveis.

O objetivo é limitar o aquecimento da Terra a uma temperatura média até 2°C acima dos níveis pré-revolução industrial. Essa referência considera o período anterior à interferência do homem sobre clima.

O comprometimento americano era de uma redução de 26 a 28% nas emissões de carbono, até 2025. Mas a determinação de Donald Trump, de não apoiar esforços mundiais contra a ameaça do clima, indica que o presidente dos Estados Unidos aceita a responsabilidade de brecar uma transformação crucial para o equilíbrio da humanidade.

Considerada por muitos analistas como estúpida, a decisão de Trump poderá isolar a maior potência não apenas de seus aliados, mas do resto do mundo. “O acordo de Paris não pode ser renegociado, uma vez que se trata de um instrumento vital para o planeta, para as sociedades e as economias,” declarou o presidente francês Emmanuel Macron.

Emissões de gases resultantes da combustão de carvão, petróleo e gás estão provocando o aquecimento da Terra a uma velocidade tão rápida, que a ocorrência de condições climáticas, cada vez mais voláteis e perigosas, torna-se quase inevitável.

Dois anos atrás, Obama fazia um discurso bem mais realista. "Como uma das primeiras economias do mundo, eu estou absolutamente consciente que nós somos uma fonte do problema", reconhecia, deixando saudades entre seus conterrâneos e admiradores em todo o mundo.

Trump parece não se importar com os registros históricos ou mesmo com sua biografia. O presidente argumenta que o tratado é desvantajoso para os Estados Unidos, em benefício de outros países, o que levaria a América e seus contribuintes a pagarem altos custos. Esquece-se ele que os Estados Unidos são o segundo maior poluidor em termos de carbono no mundo, atrás apenas da China. E ignora que sua decisão parcial deverá ajudar a aumentar a temperatura da Terra.

A escala dos impactos potenciais ainda é incerta, mas poderá afetar as atividades humanas. E, diferentemente do que afirma o homem mais poderoso do planeta, a ameaça do aquecimento global envia um sinal veemente para os mercados de que é chegado o momento de investir em uma economia de baixo carbono.

 
 
 

Comments


Procurar por Tags

© 2023 por "Pelo Mundo". Orgulhosamente criado com Wix.com

Doar com PayPal

Visto em

    Gostou da leitura? Doe agora e me ajude a proporcionar notícias e análises aos meus leitores  

bottom of page