Por que o Acordo de Paris é importante?
- Maria Paula Carvalho
- 3 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
PARIS - Negociado e ratificado por 195 líderes internacionais, o Acordo de Paris (2015) foi o primeiro, após o protocolo de Kyoto (1997), a dar consistência e importância ao problema do aquecimento global, criando um compromisso geral com a redução das emissões de gases de efeito estufa.
A partir de então, todos os países signatários da convenção do clima (1992) ficavam obrigados a adotar medidas de combate às mudanças climáticas. Antes, somente as nações mais ricas tinham esse dever.
Ao abandonar unilateralmente essa promessa, Donal Trump poderá prejudicar as chances de sucesso de toda uma coletividade vulnerável e que se mostrara disposta a mudar o curso da história.
Estudos mostram que uma falha no controle do clima poderá resultar em consequências graves como tempestades, derretimento das camadas polares, aumento do nível do mar, ondas de migração populacional, extinção de espécies e a propagação de doenças.
Nações precisam oferecer respostas ambiciosas para o desafio de colocar fim à era de dependência aos combustíveis fósseis. Ao dar para trás em uma decisão acordada anteriormente, a maior potência mundial se junta a Síria e Nicarágua como não participantes do acordo do clima.
Em inglês, Trump afirma se tratar de "a reassertion of America's sovereignty". Em bom português, tal atitude não parece estar relacionada à soberania e poderia mesmo ser chamada de egoísmo puro.
O chefe de Estado americano sofreu forte pressão de empresários, líderes mundiais, incluindo o Papa Francisco. E mesmo dentro de seu país ouviu inúmeros alertas sobre a seriedade e a dramaticidade do problema.
Trump, contudo, é um homem que preza pelas declarações controversas. Em 2012, já havia deixado claro em sua conta Twitter o que pensava sobre a ameaça das mudanças climáticas. Escreveu que o conceito de aquecimento global “era uma invenção dos chineses para fazer a indústria americana menos competitiva.”
Porém, ao contrário do que pensa ou diz Donald Trump, respeitados institutos de pesquisa afirmam que a Terra provavelmente atingirá níveis mais perigosos de aquecimento com a decisão do presidente de abandonar o Acordo de Paris, uma vez que a poluição dos Estados Unidos contribui enormemente para o aumento das temperaturas no planeta.
Felizmente, contrariando o pessimismo vigente, crescimento econômico e proteção ambiental não são necessariamente conflitantes. Pesquisas recentes mostram que é possível buscar desenvolvimento, mantendo a poluição estável. As adaptações necessárias deverão ser acompanhadas por transformações importantes no uso da terra, na agropecuária, produção de energia e padrões de consumo.
Mas para isso os caminhos passam ao largo daquele trilhado, a partir de agora, pela maior potência do globo. O mundo precisará manter os compromissos que os Estados Unidos preferiram deixar de lado, sob pena de enfrentar consequências catastróficas para todos os continentes.

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