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Parlamento francês serve de lição: a democracia se renova

  • Maria Paula Carvalho
  • 18 de jun. de 2017
  • 2 min de leitura

PARIS - Se o sucesso do primeiro turno se confirmar nesse domingo nas eleições legislativas, o presidente Emmanuel Macron terá mais do que maioria absoluta para governar. Como dizem por aqui, o triunfo do partido criado por ele – República em Marche – é mais do que uma onda, mas uma tsunami eleitoral. Com mais de 32% dos votos, juntamente com o aliado Le MoDem, praticamente tomou de assalto a Assembleia Nacional. A ponto de não haver uma sala grande o suficiente para abrigar o grupo político. E apesar da abstenção acima de 50%, o resultado das urnas poderá dar legitimidade ao Executivo, que não dependerá de acordos com esquerda e direita para passar novas medidas. De acordo com as últimas estimativas, a coalisão centrista poderá obter entre 390 e 450 assentos de um total de 577, portanto muito mais do que a maioria de 298 eleitos. Um cenário que permitirá a Macron tocar suas principais reformas, como a da legislação trabalhista, uma das mais importantes para tirar a França do estancamento econômico. Os Republicanos seguem como a segunda força política do país, enquanto a esquerda amarga um fraco desempenho e vai sendo jogada para escanteio. O Partido Socialista não deverá ter mais do que 25 deputados, segundo previsões, muito menos do que os 300 eleitos em 2012. Resultado de ideias ruins e de um quinquênio de François Hollande que deixou a desejar. Mas a grande novidade desse pleito é mesmo o perfil das pessoas que se lançaram ao desafio da vida pública. Enquanto no Brasil os ditos “cidadãos de bem” fogem da política por medo da péssima reputação do Congresso Nacional, aqui na França multiplicam-se os casos daqueles que decidiram colocar a mão na massa e fazer a transição que desejam para o seu país. O maior ganho, certamente, é a ausência de vícios políticos e a provável independência dos novos deputados que desbancam antigos caciques. Mais do que isso, o parlamento francês receberá gente com os pés na realidade: saem os professores, funcionários públicos e políticos de carreira, entram os empresários e profissionais liberais. O novo poder que agora se anuncia é formado por muitos jovens e representantes da sociedade civil. Quase dois terços dos candidatos jamais exerceram mandato eletivo, uma situação inédita por aqui. Se para alguns críticos a falta de experiência e heterogeneidade do novo quadro poderá dificultar o andamento das propostas e votações, atentando-se para o risco de insurgências dentro de uma maioria esmagadora, para grande parte dos franceses é chegado o momento de renovar e deixar que pessoas comuns decidam os rumos da sociedade. Gente com sede de mudança e que poderá romper com o casuísmo e a apatia na política. Homens e mulheres com gana de tocar em assuntos prementes como a reforma nas escolas primárias, o desemprego em alta e a necessidade de renovação da relação entre os cidadãos e a União Europeia, abalada após o Brexit e o eco do discurso da extrema-direita, nas eleições presidenciais. Tomara que a França possa inspirar outras democracias a acreditarem na força de renovação de seus planteis políticos e no poder do voto como chave para o desenvolvimento.

 
 
 

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