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Os bots e os dilemas morais, só o começo

  • Maria Paula Carvalho
  • 23 de dez. de 2017
  • 3 min de leitura

Existe uma forma de aumentar o espírito humano através da tecnologia? A Inteligência artificial será uma extensão da inteligência humana? Mesmo que as máquinas sejam programadas com dados e contextos que muitas vezes as permitem decidir sem nos explicar o porquê das coisas, simplesmente repetindo nossos próprios comportamentos a exaustão? A medida em que A.I começa a fazer parte do nosso dia a dia, novos dilemas entrarão em cena.

Discutir a relação entre criador e criatura é essencial nessa segunda década do século XXI. É interessante observar, ainda, o que se passa no ramo da ética e da moral.

Nesse mundo habitado por bots, a credibilidade das fontes é tudo. Um pesquisa recente mostra que 24% dos franceses, por exemplo, não confiam na mídia tradicional! Menos de 1/3 dos americanos entrevistados confiavam na mídia. Por isso, cada vez mais as empresas de comunicação buscam se certificar com bons programas de acesso e gerenciamento de dados. E os serviços novos na web pipocam a todo instante.

Apesar da baixa credibilidade na mídia em geral, as pessoas não parecem propensas a buscar os dados oficiais. Um grupo de empreendedores descobriu que 38% dos reports do banco mundial não haviam sido transferidos (download) nenhuma vez sequer, entre 2008 e 2012. O projeto Datagora, de Timothée Gidoin é uma resposta a esse movimento, pois permite ir mais longe nas buscas de conteúdo e encontrar o documento original de qualquer dado citado na mídia. No mundo virtual, confiança como vemos, vale ouro.

Quando você tiver em dúvida sobre a veracidade de um vídeo postado na internet basta apelar para o Invid, um projeto europeu sobre verificação de vídeos e fotos nas mídias sociais. Cada vez mais é preciso desmistificar as fake news e os fake vídeos. Tudo começa pela data de publicação daquela informação, e se estende ao detalhamento do cenário, dos personagens, placas de rua, etc.

Os dilemas morais estão apenas no começo, como mostram os trabalhos do Institute for advanced study of Toulouse.

Ao falar sobre os dilemas morais dessa nova realidade Jean-François Bonnefon, cita o exemplo dos carros autônomos.

Sem motorista, presume-se que haverá uma diminuição de 80% no número de acidentes. Ainda assim, o inevitável e o imponderável mantém-se nessa equação. E nesses momentos, o carro precisará “escolher quem será vítima e quem será salvo” de uma colisão. Os passageiros ou uma família na calçada? Crianças ou idosos? Quem terá mais “sorte” e chances de sobreviver? Não será, por certo, uma escolha ao azar.

A moral machine já existe. É o nome de um site que estuda decisões assim. Mais de 40 milhões de respostas já foram combinadas e analisadas. O bot faz sentido da variação de opiniões, das diferenças geográficas e das características sócio-humanas.

Em pesquisas de opinião, há um consenso que o carro deveria salvar o maior número de pessoas possível. No entanto, sexo, idade e mesmo as diferentes profissões desses indivíduos podem alteram os cenários e as repostas a essa pergunta. Os cientistas ouvem as populações, catalogam os dados, formam bancos de opiniões em diferentes países e culturas, para então “ingestar” os comportamentos mais aceitáveis para tais programas.

Há uma tendência geral a poupar primeiro crianças, mulheres grávidas e médicos, por exemplo, à idosos em geral.

Para Jonathan Keegan, pesquisador do Tow Center of Columbia University, por mais que background information ajude na compreensão de pautas, lançar uma enorme quantidade de dados brutos para o público, sem fazer sentido desse material, não garante necessariamente mais qualidade no jornalismo.

Disponibilizar tabelas e gráficos para quem não sabe interpretá-los pode ter, inclusive, o efeito contrário: de afastar o leitor. Por isso, Keegan reforça que os repórteres continuarão sendo a base do negócio, com um viés de trabalho, porém, mais de data análise. O robot vai permitir contar as histórias que antes não eram possíveis, mas para que a sociedade aproveite-se da novidade, os homens deverão investir cada vez mais em treinamento e, sobretudo, estar alertas ao preconceito em seus diagnósticos da realidade.

Autor do best seller “A Guerra das Inteligências”, Laurent Alexandre alerta para um problema futuro que não será tecnológico, mas sim político.

Segundo o autor, a A.I. poderá dividir as sociedades e aumentar ainda mais as diferenças entre aqueles que conhecem e dominam novas tecnologias e os que não tem acesso a elas, não aproveitam tais vantagens e ficam à mercê do primeiro grupo. Em termos internacionais, prevê-se uma concorrência acirrada entre a China-Estados Unidos, mas a regulamentação dessa batalha não é fato consumado.

 
 
 

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